sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O porquê


Não é por obrigação que escrevo. Dizer que é por livre e espontânea vontade também seria mentira: o texto é que move minha mão e não o contrário.

Mas não é porque tenho muita coisa interessante a dizer, que nada, às vezes é mesmo por pura falta de assunto. Hoje, por exemplo. Escrever é meu jeito de puxar conversa com o mundo.

Pode ser que chamem de vaidade e não deixa de ser, sou egocêntrica. Mas ao mesmo tempo é de um altruísmo genuíno: quero dividir. Só muito cuidado ao se inspirar no que eu digo, posso incentivar atrocidades. Minha intenção é fazer literatura e não dar conselhos.

Já me perguntaram se é por vingança que escrevo, às vezes sim, já aconteceu. Mas na maioria das vezes é só homenagem. Quando minha raiva chega ao ponto de virar ficção é porque tenho saudade.

E eu bem que poderia contar que eu sofro muito, os melhores escritores foram homens tristes, mas não: me divirto.

Umas vezes escrevi para explicar exatamente o que estava sentindo; outras por medo de que descobrissem exatamente o que estava sentindo. Escrever pode ser nudez ou disfarce, depende do dia.

Escreve-se por tudo e portanto, mas a única grande mentira é a que ouvi a vida toda: que eu escrevo porque tenho facilidade. Como se escrever fosse minha preguiça ou algum conforto. Como se eu na verdade quisesse estudar matemática, mas pra isso eu não desse.

Thomas Mann, um dos maiores romancistas da história, disse que o escritor é um homem que, mais do que qualquer outro, tem dificuldade para escrever.

Então, por favor, não diminua meu carma. Escrever nos olhos dos outros é refresco, mas pra mim é sina.




Um comentário:

  1. "(...)Eu tinha tudo pra dar certo,
    mas Deus, o velho corsário, não quis assim.
    Fez de mim poeta, para sofrer e ser discriminado pelos semelhantes.
    Por isso me chamam de canalha, os homens de má fé.
    Por isso, escrevo poemas de amor
    à mulher"

    Claufe Rodrigues

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